sexta-feira, 23 de julho de 2010

A Nossa Biblioteca Pública e o Seu Triste Esquecimento.




Impressionante! Mas certas imagens ruins acabam fazendo parte do nosso cenário cotidiano e o caso mais recente tem sido a Biblioteca Pública Benedito Leite.
Fundada em 1829 e aberta oficialmente ao público em 1831 teve vários endereços até ser fincada
em 1958 na Praça do Panteon, na parte mais alta e central de São Luís em frente a Praça Deodoro, antigo Campo do Ourique, largo do Quartel e Praça da Independência no terreno onde antes fora edificado o Quartel do 5º Batalhão de Infantaria erguido em 1797 e, provavelmente, o primeiro do Brasil.

Possuidora de estilo neoclássico de grandes proporções tem elementos característicos, tais como cobertura e escadaria de acesso, cúpula central, alas semicirculares e vão de janelas encimados por frontões. Possui no seu interior salão de leitura, um auditório com mais de 200 lugares e terraços onde se pode observar toda a cidade, ficando na esquerda o Rio Bacanga e na direita o Rio Anil.

Tem embutida no seu acervo várias obras de arte e jornais maranhenses que vão desde a independência até mesmo o primeiro jornal do Maranhão e um dos primeiros do Brasil, no caso “O Conciliador do Maranhão de 1821”. Com um renomado acervo de mais 127.000 obras, entre livros, revistas, jornais, obras raras, livros em Braille, folhetos, fotografias, microfilme, manuscritos do século XVIII, diários oficiais, vídeos e documentos referentes a história política do Maranhão. No entanto, tudo isso é desconsiderado por nossas autoridades. Fechada há meses tem somente os serviços administrativos disponibilizados em uma sala do Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, prejudicando assim centenas de estudantes e pesquisadores.

Teve sua última reforma a 15 anos atrás e desde então foi esquecida, abandonada como é costumeiro no Maranhão. Aliás caros leitores, já observaram como "nesta terra" os Governos só fazem reforma e não dão a devida manutenção até que a situação torne-se periclitante para assim, decretar o tal “estado de emergência”, ou seja, dispensa de licitação, colocando a empresa que achar conveniente e geralmente são as mesmas construtoras. Será maldade minha ou isso é um jogo de interesses que beneficiam alguns políticos que tem “habilidade em fazer sumir o dinheiro do contribuinte"? Penso inclusive que o Ministério Público deveria ser menos omisso e buscar o real interesse dessas dispensas de licitação para que o cidadão não pense mal dos nossos “honrados políticos”.

De fato, é de se lamentar, mas temos que observar o cenário da degradação na praça por onde circulam todos os ônibus da capital, a maioria dos estudantes bem como os trabalhadores. É necessário revitalizar todo esse patrimônio secular e mais, já passa da hora de se fazer uma reforma administrativa no Governo do Estado do Maranhão para que a Biblioteca fique a cargo da Secretaria de Educação e não da Secretaria de Cultura que já muito atribulada com Carnavais, São João e outros parangolés.

Enquanto isso não acontece, vamos passando e observando a triste realidade do povo maranhense que de maneira gritante, afronta o documento básico das Nações - Declaração Universal dos Direitos Humanos que no seu artigo 26 diz:

"1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito."

Passo a palavra aos responsáveis pelo completo abandono da biblioteca pública e pelo descumprimento do documento básico das Nações.
Fábio Henrique Farias Carvalho.

4 comentários:

Dayanna disse...

Interessantíssimo vc ter comentando sobre a biblioteca. Com uma estrutura linda, pouquissimo acessível quando estava aberta, e agora, totalmente abandonada. Que futuro poderemos esperar desse jeito? Algo tem que ser feito urgentemente, pois espero poder cultivar em meu filho o hábito que em grandes capitais é possível: frequentar bibliotecas centenárias.

Fábio Henrique Farias Carvalho disse...

Dayanna,
A educação é a base fundamental de uma sociedade mais humana. Quando se observa uma biblioteca completamente acabada se chega a conclusão que o Governo não pensa em educar seu povo!

Anônimo disse...

Olá, não conhecia seu blogger, mas, é de uma criticidade louvável.
Sou do interior do Estado, e já tinha ouvido falar do abadono desse patrimônio do povo que ao que se ver nas imagens estão correndo serio risco, se na fachada está daquele modo imagina o interior e seu acervo?
Eu tomei a liberdade de enviar na integra esse artigo para a Revista de História da Biblioteca Nacional, pois lá tem uma seção onde faz denuncias sobre o patrimônio histórico em perigo, como é nosso caso.
Boa sorte, ávido por continuar lendo seus textos.

Marcos Morais

Fábio Henrique Farias Carvalho disse...

Marcos Moraes, de fato o quadro é periclitante e me sinto muito orgulhoso com suas palavras.
faça um bom proveito do texto e vamos passar adiante, pois assim quem sabe mudaremos alguma coisa!
Um fraterno abraço!!!
PS: visite sempre meu Blog.