quarta-feira, 14 de julho de 2010

Centro Histórico e o Castelo de Areia. Ascenção e Queda:
















Que São Luis é detentora do maior conjunto arquitetônico do Brasil e um dos maiores do mundo, isso já se sabe. Necessário, no entanto, é entender o porquê de tamanha riqueza cultural no nosso Estado:
São Luis é a primeira capital brasileira a ser planejada dentro de um traçado original de 1615, pelo então engenheiro Francisco Frias que executou um plano de arruamento para o então desenvolvimento da futura Cidade. Seu projeto urbanístico obedeceu às expectativas de beleza, simetria e ordenação racional dos espaços públicos e, assim, apresentando no seu núcleo principal o modelo de “Praza Mayor”, contendo na cidade alta as sedes administrativas, religiosas e militares e na parte baixa, o setor comercial, no caso a Praia Grande.
Tivemos os dois principais ciclos econômicos responsáveis pelo rápido crescimento da Cidade de São Luis, o ciclo do algodão (1780 à 1820) e o ciclo da Cana de Açúcar (1850 à 1870) com a implantação de diversos engenhos.
O Apogeu econômico agro-exportador vinculou-se ao ciclo literário e nele o honroso título de “Atenas Brasileira”. Fomos colocados pelos naturalistas Johann Spix e Philipp Martius como cidade desenvolvida, merecedora do “quarto lugar entre as cidades brasileiras” atrás somente do Rio de Janeiro, Salvador e Recife.
E hoje, o que restou?
Uma cidade abandonada, um centro histórico degradado e nele o retrato fiel da atual Administração Municipal. Nunca olhei a minha Cidade tão largada e tão empobrecida pela falta de políticas públicas, pela completa inoperância do Senhor Prefeito, cuja meta principal de campanha foi preparar São Luis para os 400 anos que se aproximam e nele colocar o Centro Histórico e o Turismo como foco principal. Pura falácia política.
Recebeu de mãos beijadas projetos relevantes: O Museu/Escola da Azulejaria, na rua da palma, com 70% da sua obra concluída e desde o momento que assumiu, irresponsavelmente relegou ao abandono, já que nessa obra se encontra, apenas,um vigia que observa as prostitutas, o tráfico e o roubo consumir especificamente aquela área. Recebeu o Projeto do Museu/Escola da Gastronomia Maranhense, localizada na Rua de Nazaré com 15% da obra concluída e o que fez?Inexplicavelmente parou a obra também. Recebeu mais dois projetos importantes, Informantes Jovens que erradamente parou durante meses para ser remodelado, pura patuscada e pantomima, ou melhor, anedota política já que o projeto estava sendo executado normalmente. Já o Passeio Serenata, executado semanalmente nas ruas históricas de São Luis, foi completamente abandonado e sem motivos, pois o Centro Histórico era transformado em um grande teatro a céu aberto com atores e músicos que cantavam tocavam e representavam para os muitos visitantes que acompanhavam aquela linda apresentação, sem falar que na Zona Rural as Trilhas do Maracanã abandonadas, dificultam o turismo ecológico e o Projeto Turismo Náutico no Porto do Jenipapeiro, inaugurado pelo Prefeito em junho de 2009 teve seu naufrágio logo no inicio, mas Sua Excelência, com palavras firmes dentre outras no lançamento do projeto disse ao JP TURISMO no dia 11 de Junho de 2009: “Esse projeto é o começo de uma série de ações que vamos fazer para desenvolver o turismo de São Luís e mostrar as nossas potencialidades naturais, arquitetônicas e culturais, através deste projeto, que vai gerar um grande impacto no turismo da nossa capital”
No Início do seu mandato, desapropriou 19 casarões para revitalização e não trocou uma única janela desses imóveis e os casarões estão esperando para serem vítimas da inércia de Sua Excelência. Iniciou a obra do antigo prédio do BEM, sem a autorização dos órgãos competentes e o resulto foi o embargo dessa obra, ainda hoje paralisada. O projeto do Teatro Municipal está parado e o Cini Roxy continua a servir para os pedófilos e tarados de plantão que por lá vão aliviando sua doença incurável. O projeto “Cores de São Luis” que visava revitalizar as fachadas dos casarões, lançado com pompa e mídia cara, até hoje nada foi feito, isto é, não se pintou nem as tão faladas eiras, beiras e tribeiras de São Luis. Temos o Centro sujo, com as escadarias fedendo a urina, com hippies incomodando a todos, com mau cheiro e insistência descabida. Calçadas quebradas, bancos arrancados, banheiros fétidos e qual o retorno disso: Decepção dos turistas que nos visitam. Aliás, qual imagem o Senhor Prefeito acha que nossos visitantes terão de nossa Cidade e de sua malfadada administração?

Na verdade, não houve nem estratégia, nem incentivo que levasse o conjunto urbano da Praia Grande a se desenvolver ou gerar algum interesse. E aqui faço um questionamento: Qual a política de Turismo do Maranhão? Na minha visão, a política que o Maranhão preserva é a política do isolamento, pois quanto mais isolado do Brasil, mais se torna propriedade de alguém. Durante décadas, o Maranhão tem sido desculpa legal para o enriquecimento de poucos e empobrecimento de muitos. Nesse sentido, como podemos pensar em fazer turismo em um Estado onde se elevou ao máximo o empobrecimento dos seus autóctones.

Estamos em um momento global, onde um ano de atraso representa uma década de trabalho perdido. O Prefeito Castelo se apresenta como um fiasco, exemplo típico de político que parou no tempo. Foi colocado na cadeira de Governador de Estado sem um único voto, durante o nebuloso Regime Militar, portanto, não pode saber o que é democracia. O nosso Alcaide continua sendo o mesmo que apoiou Paulo Maluf, ao invés de Tancredo Neves, na abertura democrática do País e ainda disse: "Voto em Paulo Maluf por razões óbvias. É meu amigo pessoal, homem do PDS e mais jovem do que seu oponente, Tancredo Neves que, além de ser da oposição, está com 74 anos." E por pura ironia do destino foi eleito para Prefeito da nossa Cidade, com idade similar a do então “velho” Tancredo Neves, mumificando, assim, ações desenvolvimentistas da Cidade de São Luis. Depois de tudo isso, teve sua cegueira política aumentada quando resolveu apoiar Fernando Collor ao invés de Lula em 1989. Sua Excelência Governou o Estado com mão de ferro, numa época em que não existia Lei de Responsabilidade Fiscal e nem a figura do Ministério Público Independente, para barrar, ou mesmo, questionar as ações fora dos princípios da legalidade do seu Governo e, assim, não deixar destroçar as contas Públicas do Estado como fez a época. É fundamental lembrar que o então Governador João Castelo, teve durante sua vida pública o triste caso da meia passagem, onde centenas de jovens foram presos e ficaram gravemente feridos durante dois dias de choque entre policiais e estudantes que reivindicavam somente o direito da meia-passagem de ônibus em São Luís, inclusive, denunciado pelo então vereador Hélcio Silva (MDB), de seqüestro de estudantes durante as manifestações de setembro de 1979. Ou seja, um exemplo clássico do autoritarismo e da falta de visão democrática.
É necessário ter espírito público, projeto, honestidade de propósito e execução. Temos que transformar a Praia Grande em um modelo de sustentabilidade própria. Temos que revitalizar o Comércio local, gerando emprego, renda e a necessária ocupação desses casarões. Temos que dar vida a tudo aquilo, e fazer voltar o projeto de moradias habitacionais. Já passa da hora de termos a Rua Cultural de São Luis com centros de artes, dança, música, pintura, azulejaria, bares, restaurantes a exemplo de outros recantos culturais do nosso imenso Brasil, ou, até mesmo, copiar o modelo hoje existente na Cidade de São Paulo, com um programa voltado para incentivos fiscais, dentro de um projeto de retorno liquido e certo, com transformação de áreas antes degradadas, em exemplo perfeito de convívio social.
Não podemos mais agüentar calado tanto descaso com o nosso mais importante bairro de São Luis. Temos que nos revoltar e não ficarmos inertes diante do descaso com que tratam a Praia Grande.
Se São Luis foi a ilha rebelde algum dia, ela deixou de ser com a eleição de João Castelo, administrador de fracassadas Empresas Privadas que agora se arvora de “grande administrador público”, a grande solução administrativa para nossa Cidade. Pura ilusão. Passamos, ao que parece, por um Alzheimer administrativo, talvez, por hoje estar hoje o nobre Alcaide, com a mesma idade do então “velho” como disse, muito embora democrata, inesquecível e grande brasileiro Tancredo de Almeida Neves. De fato, temos um “Castelo” de areia nossa Prefeitura.
Que Deus nos ajude!
Com a palavra Sua Excelência.
Fábio Henrique farias Carvalho

Nenhum comentário: