quarta-feira, 14 de julho de 2010

A Lagoa, a Serpente e o Abandono.







*Artigo meu publicado no Jornal O Imparcial do dia 06 de maio de 2010.



Há bastante tempo venho alertando para a completa situação de abandono da nossa Lagoa da Jansen. Parece surpreendente, mas São Luis sofre de um mau que assola o Brasil e em especial o Nordeste e, mais especial ainda, o Maranhão com a falta de conservação dos logradouros públicos, esses mesmos logradouros que custaram o suado dinheiro dos contribuintes e todo um planejamento para que aquele local se tornasse um exemplo de convívio social, com quadras poliesportivas, bares, restaurantes e outros atrativos, como a nossa Serpente da Lagoa.

Mas, para a nossa surpresa, o tempo passou e todos os projetos foram abandonados, todos os sonhos esquecidos, muito embora a Governadora do nosso Estado, assim que empossada tivesse anunciado verbas da ordem de U$$ 40 milhões para revitalização de vários pontos de São Luis, dentre eles, a nossa esquecida Lagoa da Jansen. Comitiva foi montada e vários Secretários de Estado estiveram presentes, sem entender ao certo o que estavam fazendo por lá e mais: tentando entender qual importância essa obra teria. Parece patético, mas foi exatamente assim que aconteceu, o Vice Governador falava aos Secretários que entre bocejos de sono e olhares entediados, mostravam o seu total desinteresse pela obra. Que falta de compromisso com o bem público!

Depois disso, um ano se passou sem que nada, absolutamente nada, tenha sido feito. As lixeiras foram arrancadas dos lugares por vândalos e não foi feita a devida reposição. As placas que faziam alusão as ciclovias, bairros, quadras esportivas e demais localidades, foram consumidas pela ação do tempo, sem que nada tenha sido feito também. As ruas que dão acesso a Lagoa, completamente intrafegáveis, o asfalto afunda, transforma-se em buraco e as galerias entupidas causam alagamento com uma simples chuva. Os esgotos estourados afastam os moradores os turistas e geram grandes e graves problemas de saúde. Os boxes da Polícia Militar do Maranhão, em vez de policiais, encontram-se lá, seguranças de empresa privada, que entre o romântico rádio de pilha e o maléfico trago no cigarro, observam, placidamente, o banditismo tomar conta dos cinco bairros que circundam a Lagoa da Jensen.

O lixo se acumula as quadras de esporte não tem a devida manutenção e a concha acústica que serviria para constantes shows de artistas da terra, serve como moradia predileta de passarinhos que por lá dão seu show a parte. O odor provocado pela poluição torna-se insuportável e prejudica os bons bares da lagoa. O Mirante da lagoa que nasceu com a característica de “mirar” a natureza, serve atualmente para festas privadas que deixam por lá um rastro enorme de sujeira, que se espalha pela lagoa, com seu tablado e seu banco de madeira cedro constantemente quebrado e sem a devida poda das árvores, inviabilizando assim a vista da Lagoa, isso sem contar à insegurança que predomina e afasta os visitantes da área. Não existe jardinagem, não existe na verdade bancos e árvores para se sentar e ler um livro ou mesmo pensar na vida e, até quem sabe, pensar, também, nos amadores políticos que o Maranhão com altivez inventa.

Um capítulo a parte é a nossa Serpente, essa mesma serpente que foi considerada pela Tv Cultura de São Paulo uma das três maiores obras em tamanho físico e de grande importância artística do Nordeste do Brasil, juntamente com o “Marco Zero” de Brennand, situada em Pernambuco e o “Conjunto de Obras” de Mario Cravo situado na Bahia.

Contudo, a nossa obra lendária permanece renegada ao abandono, como se fosse inexpressiva. Obra do poeta das artes plásticas Jesus Santos, que tem o reconhecimento devido em outros países, mas no Maranhão, infelizmente, essa sua obra, vem sendo abandonada de maneira criminosa e demagoga, muito embora a Secretaria de Comunicação do Estado, através do seu titular Sergio Macedo, tenha anunciado a tão esperada revitalização no dia 13 de janeiro de 2010 com um valor significante enfatizando: “A serpente será retirada da lagoa, quando será iniciada sua reforma, que deverá ser concluída em 90 dias. Atualmente com 74 metros, ela será acrescida de outros 30, ficando assim com 104 metros e entre as 6h e às 18h, a serpente emitirá sons marcando a passagem das horas. À noite, essa passagem será feita por meio de labaredas de fogo que serão expelidas pelas narinas da serpente”

Maravilha, agora vai, mas que nada, tudo não passou de mais um sonho de verão, mas uma obra anunciada e não realizada, mas um monumento que é esquecido, bem como toda a lagoa e, até onde se sabe, a Governadora autorizou a obra, mas, infelizmente, não foi obedecida pelos seus subordinados. É importante que se diga que nossa serpente, que está incontida no imaginário da população, faz parte da maior lenda da Cidade, serve de pano de fundo para artistas plásticos, escultores, escritores, poetas, músicos, produtores, diretores e, até mesmo, para o Governo do Estado e a Prefeitura Municipal, que quando querem vincular propagandas do Maranhão e tirarem proveito político, logo usam demasiadamente a imagem da serpente que roda mundo a fora, despertando interesses. Enquanto isso, a serpente não mais adormece como nos contos de antigamente, ela simplesmente afunda na lagoa e na falta de compromisso do poder público com a nossa Cidade.

Concluindo, urge destacar um dado oficial e uma indagação: A serpente foi inaugurada em 2001 e concluída em apenas dois meses de trabalho e recebeu 320 caravanas de visitantes apenas no seu primeiro mês de exibição, mostrando assim o seu alto poder atrativo e movimentando o comercio local com venda de águas de coco e similares. Já a indagação que fica é a seguinte: Quando teremos a Lagoa revitalizada, despoluída e com pedalinhos navegando em volta dela, despertando o turismo, dando uma opção de lazer aos moradores da cidade para assim, poder ver de perto a serpente que o mundo venera, mas o Maranhão por opção esquece ou até mesmo renega.

Ah, se Ana Jansen viva fosse e soubesse que essa desordem de armário embutido acontece justamente nas suas terras de outrora.

Com a palavra, os responsáveis pelo descaso.

Fábio Henrique Farias Carvalho

2 comentários:

Anônimo disse...

Deixa o veio dormir em paz.

Anônimo disse...

Palhaçada. Tão chamando a população de palhaços. Cade a tarifa gratuita nos onibus no domingo?