Na minha visão, os erros estão no passado, onde não havia uma política ambientalista resultando assim em muita construção que acabou prejudicando nosso eco-sistema.
No Governo José Sarney, construiu-se a Barragem do Bacanga. Essa construção acabou sendo prejudicial para o Rio Bacanga, pois o mesmo foi assoreado, causando a perda de seu volume de água e, os sedimentos ao invés de serem jogados para fora, foram se acumulando nas margens do antigo navegável Rio Bacanga!
Depois, no Governo Epitácio Cafeteira, tivemos um crime cometido não só contra o meio ambiente mas também contra os cofres públicos, onde naquele ponto, literalmente, enterrou-se muito dinheiro para se fazer o inútil Aterro do Bacanga.
Depois de todos esses acontecimentos, tanto o Rio Bacanga quanto o Rio Anil foram morrendo aos poucos e hoje não se tem mais de 20% do volume de água que existia nos anos 50. No local que hoje chegam “na marra” as embarcações oriundas de Alcântara, atracaram-se navios de grande porte na Rampa Campos Melo. Inclusive, nesse local, no dia 16 de março de 1954, deu-se a explosão e o trágico naufrágio do Navio Maria Celeste onde três mil cilindros de combustível e mil cilindros de parafina queimaram por três dias e acabou vitimando 16 pessoas e ferindo gravemente tantas outras.
Mas isso é só um fato para se mostrar que naquela grande área, tínhamos um calado profundo e era além de tudo o antigo porto da cidade de São Luís.
Infelizmente, hoje não temos mais aquela navegabilidade de outrora. Atualmente, temos que ter horários precisos e ainda assim as embarcações ameaçam encalhar pelo pouco calado hoje existente.
Estudiosos afirmam que os sedimentos avançaram 300 metros em direção a esses pontos citados, havendo assim a sanilização do Rio e conseqüentemente a sua morte, bem como a dos peixes. Inclusive esse local pode transformar-se em uma grande laguna que vai da Ponta D´Areia à Ponta do Bonfim, ocorrendo até o nascimento e crescimento de uma espécie de planta que prolifera um odor insuportável, como na Lagoa da Jansen em outros tempos.
Levando-se em consideração todos esses problemas, no dia 30 de Maio de 2007, resolveu-se fazer uma primeira reunião de empresários a respeito da tal construção do espigão na Praia da Ponta D´areia, pois além de tudo, a maré começava afetar os luxuosos prédios daquela localidade e claro, a “elite preocupada” com o meio ambiente, chamou a atenção das autoridades.
O projeto da construção do espigão foi executado pela Vale e apresentado para o então Prefeito de São Luís Tadeu Palácio que prontamente se interessou pelo projeto e prometeu executá-lo por um valor de 20 milhões de Reais, o que não passou de mais um blefe do ex-prefeito, que por sinal, saiu da prefeitura sem ter feito uma única obra impactante para São Luís.
O problema foi se agravando e então o ex-Secretário Max Barros, no dia 24 de Fevereiro de 2010, prometeu executar e finalizar o projeto em um prazo de 60 dias por um valor de 12 milhões de Reais. Porém, até hoje não saiu do papel e a erosão começa a preocupar novamente. Recentemente, uma maré forte acabou levando boa parte da calçada e da pista próxima ao Corpo de Bombeiro.
Fiquei muito curioso em saber onde iriam parar os 8 milhões restantes, haja vista que a obra terá os mesmos 572 metros de extensão mar a dentro, com a mesma largura de 7 metros no começo e 13 metros no final, contendo também a mesma altura de 4 à 14 metros em terreno natural, permitindo ficar 1,4 metros acima do nível do mar em situação de maré cheia.
Conversando com um amigo engenheiro, ele disse-me: Fábio, nem 20 nem 12, 8 milhões seriam suficiente para a conclusão da obra!
Essas espertezas que o Maranhão com altivez produz lembram-me o célebre Padre Antonio Vieira que em 1654 proferiu o Sermão “Da Quinta Dominga da Quaresma” e dizia:
“Que letra trocaria ao nosso Maranhão? Não há dúvida de que o M. M de Maranhão, M de Murmurar, M de Motejar, M de Maldizer, M de Malsinar, M de Mexericar, e, sobretudo, M de Mentir. Mentir com as palavras, com as obras e com os pensamentos que de todos e por todos os modos aqui se mente.”
Qualquer semelhança com os dias atuais não é mera coincidência e sim a proliferação de políticos “espertalhões” que o Maranhão inventa por todos os séculos e todos os séculos. Amém!
7 comentários:
Muito lúcido o seu artigo sobre esse problema em São luis.Sou maranhense e ativista do meio ambiente e naveguei muito em toda área do Bacanga pois todo movimento maritimo de São Luis era por ali que era feito o canal principal em frente a rampa Campos de Melo os navios ficavam ao largo dentro do canal que hoje é só sedimentos.Amputaram o Rio Bacanga literalmente e de fato com aquela barragem horrivel de esgoto.Hoje o mar vem tomando o que é seu de fato a barragem está quase ruindo e a Ponta Dáreia sumindo eu acho que nem espigão dará certo,a correnteza da maré ali é forte demais.Sou cético quanto as soluções muito rápidas sem amplo debate dos estudiosos no assunto.
Amigo Serejo, tenho lido seus comentários e fico muito grato com seus comentários e com seus elogios.
Manda-me o endereço do seu blog, que quero postá-lo nos meu preferidos!
Um abraço e felicitações, amigo!!
Parabéns, meu amigo.Muito bom seu blog.
Valores divergem como sempre. Esse ex-prefeito não fez nada de útil para a cidade e não me assusto com sua inssipidez no camando de São Luís. Agora temos o Castelo, e torçamos (acho em vão) para que o mesmo faça essa obra e dê tranquilidade a todos nós. Agora acho que deva se feito de maneira responsável. Se os estudos para a realização do espigão são caros, por que não utilizar professores e estudantes de geografia da UFMA para fazer os relatórios e baratear os trabalhos...Acho que deveríamos envolver mais quem está com muito gas nas universidades e não tem estímulo pois trazem profissionais de fora do estado. abraço.
Valeu mais uma vez Fábio, o texto está excelente!!!!!!!!
OBS: manda para o "LORO" e pede a opinião dele acerca do assunto.
abraço!!!!
Joaquim Azambuja
Fico bastante contente quando leio aqui no Maranhão textos como o seu, onde a importãncia do que se escreve é relatada não pela questão politica ou bairrista, mais sim pela verdade dos fatos, e pela clareza das informações associadas.
Quanto a questão da construção do espigão, inicialmente se falava em uma obra onde várias empresas de impacto na Ilha seriam patrocinadoras, juntamente com o Orçamento Público, antes de qualquer consideração, ou estudos superficiais é preciso se fazer um varrimento no fundo da costa através de sonares de varrimento, podendo ser utilizado o Sonar Lateral e ainda considerar a questão da Maré, o Mar sempre vai querer ter seu espaço de volta,e desde que foi feita o aterro, os braços de mar não chegam a seus antigos canais , pois não existem mais;Então já pensou em se gastar um absurdo com um espigão que também pode ser destruído pela intensidade da variação da Maré?
E quanto a Politica, acho que uma boa dose de boa vontade ajudaría, mais acho o que vai ajudar mesmo é a preocupação dos donos dos humildes apartamentos construídos na "Península". Isso ta virando piada!!!
Desde já parabéns.
parabéns pelo artigo, mas é interessante analisar o sofrimento de outros rios maranhenses, como o Itapecuru, Mearim, Pindaré, Grajau, dentre outros que agonizam com as ações antropica..
Fábio Remy
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