A Fonte das Pedras, situada na Rua Antonio Rayol, no Centro de São Luís, encontra-se em total estado de abandono. Sem vigilância, o local, onde em 1615 Jerônimo de Albuquerque acampou com suas tropas na luta para expulsar os franceses do Maranhão, hoje sofre com a ação de vândalos, que dilapidam há tempos o local e até já roubaram parte dos peixes da fonte. Construída por volta de 1615 e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a fonte d’água, instalada numa praça arborizada, perto do Mercado Central, é a mais antiga da capital maranhense. A aposentada Lucimar Soares, de 67 anos, que já mora na área há 45 anos, cuidou por muitos anos da fonte e da praça José Moreira, que a abriga. Ela contou que o local foi abandonado pelo poder público e não oferece segurança para os frequentadores. “Eu e o inspetor do Correios, o já falecido José Moreira, cuidávamos da fonte de forma voluntária e apenas por amor. Entretanto, no final da gestão do ex-prefeito Tadeu Palácio as coisas começaram a desandar. A empresa de vigilância foi retirada e então começaram os saques. No ano passado, consegui com muita luta, por meio de ofícios e pedidos, que guardas municipais fiquem aqui pelo menos até as 17h, o que ameniza o problema”, disse a aposentada. Dona Lucimar revelou que apesar do cadeado no portão de entrada, à noite andarilhos pulam o muro e não só destroem o patrimônio como furtam objetos e até os peixes que vivem dentro da fonte, da espécie tilápia. “Já presenciei um engraxate quebrando a placa de vidro que exibe informações na entrada da fonte. Já roubaram a porta dos banheiros, espelhos, os assentos dos vasos sanitários e até os peixes. Me entristeci com o abandono do poder público e hoje só guardo as chaves do portão, não vou mais lá, pois além de não gostar de ver a depredação da fonte, tenho medo de assaltos”, declarou. O gari conhecido como ‘Zé Doca’, de 59 anos, que trabalha na limpeza da área há dois anos, explicou que a falta de vigilância e infraestrutura tem afastado turistas e frequentadores da praça. Ele afirmou que enquanto a guarda municipal não chega, é inviável abrir os portões para os visitantes, uma vez que ele é responsável apenas pela limpeza e não pela segurança. “Só abro quando existem crianças na companhia dos adultos, pois sei que além de curiosos elas são impacientes. Do contrário, os portões permanecem fechados; já vi várias mulheres que entraram aqui para falar ao telefone e foram assaltadas”, contou. A reportagem do Jornal Pequeno esteve na Fonte das Pedras das 8h40 às 9h20 de ontem e constatou não havia guardas municipais no local.
Um comentário:
Penso que não é fome ou pobreza extrema a causa real dos roubos; famelicismo ignomínico.
Estive em São Luís em abril passado, e visitei por duas vezes o logradouro em questão. Fiz algumas fotos, descansei sentado num dos bancos, curti os peixes e admirei o mosaico da fonte. O poder público precisa intervir o quanto antes. São Luís é história pura, seus monumentos não podem continuar jogados na lixeira do esquecimento e do descaso, no limbo da história do Brasil.
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